…de mim. Do que eu sinto, de como interpreto minhas emoções, de como eu acho que posso saber o que as outras pessoas pensam e sentem.
Sei que muita gente vai falar o quanto isso é uma escolha, porque eu já perdi a conta de quantas vezes já ouvi tais palavras quando tentei explicar o que eu sentia. Mas é o seguinte, tenho que dizer, tem hora que não é.
E ser ansioso, angustiado… faz seus pensamentos serem cavalos doidos correndo no meio do trânsito de São Paulo. Eles vão soltos por aí, mas não tem ideia para onde ir, porque nem sabem onde querem chegar. Vão amassando os carros, não conseguem desviar das pessoas, não sabem a diferença entre rua, calçada… só sentem uma vontade louca de correr, parar não é opção.
Eu cansei de falar para os outros e para mim: verdade tem limite, imaginação não. A verdade é aquilo e acabou, a imaginação pode te levar para qualquer lugar bem longe do que realmente está acontecendo. Acho que por isso que eu sempre fui atrás de entender o que eu não compreendia, para só ter comigo o que era real .
Quando você é criança, chega a ser engraçado uma guria questionadora (quando ela não se torna a mais pentelha do mundo), na adolescência é tanta preocupação com o que as outras pessoas pensam que esse “quê” questionador vai se calando dentro de nós. A vida adulta nos mostra que a gente pode sim perguntar, mas é preciso ter limites para que as outras pessoas não se ofendam, não se sintam invadidas por nossa necessidade de compreensão de tudo.
Eu tive um começo de vida adulta tão mais ou menos, que penso que foi uma adolescência prolongada, eu sempre estava tentando me adequar ao que seria bom para a vida dos outros e não para a minha, no fundo eu só queria me encaixar… e percebi que isso é um esforço sem fim.
A vida me trouxe de presente perceber isso, e acho que foi aí que eu notei que ser feliz é simples, sermos nós mesmos é nossa obrigação, porque quem cruza nosso caminho precisa saber com “o que” está lidando… rs
Mas sabe, acho que isso não é o suficiente. Pessoas e seus sentimentos são labirintos sem saída mesmo. Hoje sinto os meus limites tão rasos, que acho que eu me desrespeito por não ir além. Fico com meus cavalos loucos dentro do meu cocuruto, que me tiram o sono, a paz, fazem do meu coração um monte de ferro retorcido. Ah e esse danado dentro do peito, ainda não apreendeu que ele não pode estar no lugar da minha cabeça.
Estava ouvindo Ten Long Years – B.B. King