Eu queria escrever aqui um texto com alguma mensagem otimista, positiva… mas hoje não dá. E vou me respeitar.
Aos 36, que completei a menos de um mês, não tenho nenhuma estrada para seguir. Não tenho mais sonhos (eu acho), a vida ficou por aqui, e eu tenho que ficar nela.
Meus dias passam devagar, independente se eu estou cheia de trabalho ou não. Tenho um pensamento constante, que faz com que eu veja minhas 24 horas passarem minuto a minuto. Não consigo mais ir em festas (os amigos, familiares que me perdoem). Eu inspiro, expiro e vou no automático até onde eu consigo. E ultimamente esse limite é o meu trabalho.
Ah, não posso esquecer dos médicos! Quase toda semana agora tenho um, mas não sou hipocondríaca, simplesmente durante anos eu não consegui cuidar de mim e agora tenho que correr atrás. Mas quer saber? Eu estava tão feliz que nenhuma doença chegava perto, agora… só vou descobrindo coisas estranhas… rs. No começo dessa semana foi descartado o que eu tinha mais medo, só vou precisar acompanhar. Mas hoje, mais uma “encrenca” de fundo emocional (essa pelo menos dá para todo mundo ver – o que é uma droga também), e lá vou eu gastar meus dinheirinhos com os remédios (que eu queria é usar com coisas mais bacanas). Daqui 15 dias tenho retorno… mas por enquanto, bora adiar a única coisa de diferente que eu podia fazer nesse fim de semana.
Quando estou na rua eu não vejo a hora de ir para casa, mas lá…, lá eu não tenho um canto quentinho. Eu sei que quem faz isso é a gente, mas eu acredito no que as pessoas falam: você só ama alguém direito se você se ama, e a casa está vazia. Nesse momento não consigo me amar e nem me perdoar. Mas eu tento. Tento todo dia que acordo e rezo no chuveiro, pedindo que milagres possam ser operados, e espero que eu seja merecedora dos que eu peço (se você não acredita em Deus, nesse momento pule duas casas).
Eu percebo que na verdade eu entrei numa caverna. Eu preciso dos amigos, mas não deixo, de alguma maneira, eles “se chegarem”. Às vezes sinto que só preciso dar o primeiro passo… esse é meu foco diário, mas eu não dou. Eu acabo até dando passos para trás dependendo do dia.
O que mudou aqui dentro parece que não foi o suficiente, não sei se um dia será. Mas eu não tenho dúvida que hoje sou uma pessoa melhor. O meu maior defeito, é também uma das minhas qualidades: eu sou intensa. Quando estou feliz posso conquistar o mundo, nada me para. Mas quando a dor e a tristeza batem na porta, eu simplesmente cavo o meu poço com as minhas próprias mãos, e não consigo parar. O meu momento agora é esse, eu só estou tentando parar de cavar.