Eu tinha uns oito quando tive minha primeira perda. Meu avô Luiz, velhinho simpático, não tinha cabelos brancos , só uma pequena mechinha de nada, apesar de seus sessenta e poucos anos. Usava chapéu, colônia pós barba (que lembro direitinho qual era), cozinhava bem, escutava radinho de pilha, molhava pão com manteiga no café com leite (confesso que nunca gostei, mas só comia para partilhar esse momento com meu velhinho). Passei muitas tardes com ele e a minha vó. Resumindo, a gente passou pouco tempo junto, mas foi muito bom.
Estou contando tudo isso para falar sobre velas. Assim que perdemos nosso velhinho, comecei a reparar que toda segunda meu tio (que era meu vizinho) acendia uma vela no quintal e fazia sua oração. Conforme nossos queridos foram indo “embora”, a quatitade de velas aumentava e mais tempo ele passava nas suas orações. Toda segunda era assim.
Conforme eu fui crescendo e aprendendo com algumas pessoas, me disseram que não era bom acender velas em casa para as almas. Porque sem querer “chamávamos” alguns espíritos que podiam estar “perdidos” por aí, e seria mais prudente não mostrar o “caminho do nosso lar” já que não sabemos quem está vagando por essas “bandas”.
A orientação que eu tive foi que quando eu quisesse acender uma vela para alguém fizesse num lugar preparado espiritualmente, ou numa igreja, ou em algum cemitério que tivesse um cruzeiro (me ensinaram que é importante pedir licença para entrar, e na hora de sair pedir que o for de lá fique por lá, e que eu volte sozinha para casa, isso com todo respeito).
Mas contei tudo isso para falar de intenção. Aprendi que não se acende velas para alma dentro de casa, para nosso anjo da guarda tudo bem (ultimamente estou me aprofundando nesse estudo para ter certeza).
E aí lembro dos jantares à luz de velas, ou quando queremos aquele climinha gostoso… e penso que a intenção nesse momento é importante. Tenho costume de uns tempos para cá de manter uma vela acesa em casa, não oferecendo para alguém, mas para manter o elemento fogo presente na minha casa.
Da mesma forma que abro a casa de manhã (mesmo com frio) para o elemento ar circular pela casa, tenho a terra através das minhas plantinhas fixadas na terra (deixo umas pedrinhas juntas também), a água aparece nas fores de corte e também na rega, naquele copinho d’água para absorver as energias negativas…. e meu elemento fogo… acendo minhas velinhas. Minha chama fica ali acesa, trazendo o elemento fogo para dentro da minha casa. E essa vela acesa tem como intenção só iluminar, trazer o calor, aconchego e a luz da chama. Nada além disso.
E sabe o que me inspirou falar essa história toda? Essa foto que eu recebi, e que ali dentro da chama eu vejo uma rosa (ou seria uma tulipa?). Como não dizer que o fogo é pura magia?