A primeira coisa que eu ouvi assim que eu voltei foi: “Percebeu que não adianta ficar tentando? Você não vai tão fácil.”
Eu queria dizer que nunca foi fácil, mas dessa vez foi diferente. Fui até um ponto que não tem mais como voltar. Pensando bem, eu já não tenho mais razão para ficar.
Ficarão os livros ainda lacrados… tintas que poderiam ter virado pinturas, mas vão perder a textura dentro da embalagem… filmes não revelados. Em alguns cantos, serão encontradas anotações…. aquela receita que não foi para o forno… uma lista de lugares que nunca serão visitados. Tem aquela playlist que fiz e guardei. Você vai saber qual é pelo nome que eu dei.
E aquela garrafa, ah… aquela garrafa, permanecerá fechada à espera da ocasião especial que nunca aconteceu… as velas que não foram acesas e não tiveram a oportunidade de iluminar uma boa conversa… tem fotos que foram impressas e estão guardadas em caixas junto com os sonhos esfarelados… sonhos que foram pisados… até virarem poeira.
Aquele tipo de poeira que não paira no ar, mas que simplesmente assenta no chão, e nada mais será.