Há poucos dias estreei meu motor 3.7, e nada do que eu vivo hoje é o que imaginei que estaria vivendo nessa idade. Para ver que a vida é mutável sim, e pensar que se tem o controle sobre ela, é um bilhete “premiado” para enlouquecer.
Bem, não quero isso para mim (e nem para ninguém). E bora lá.
Por algum motivo hoje acordei pensando sobre cores de esmalte, parece pura futilidade, mas cá com os meus botões, me toquei que era só uma “metáfora” da minha mente me avisando que alguma coisa realmente mudou. E isso é sobre conseguir se desvendar nos nossos pequenos detalhes.
Voltando as minhas cores de esmalte. Como toda criança tive a “fase rosa”, a gente é pequena e aceita as cores que “podemos usar”. E aí depois de um tempo é “permitido” escolher a cor, e de alguma forma colocar um pouco para fora do que temos por dentro…. a cor que usei por ANOS e não trocava de jeito nenhum? Era uma que chamava “Areia”… totalmente neutra, nem aparecia na minha mão e hoje eu percebo que isso refletia o que eu “sentia”, acho que até desejava … que era ficar o mais invisível possível, hoje eu entendo que era minha defesa. Quanto menos eu me expunha, mais protegida eu estava das “dores do mundo”. E quer saber, o “areia” foi minha cor até os 24/25 anos, e foi uma vida bem morna até ali.
Passei por uma fase bem complicada perto dos 26, e acho que ali, nem a cor mais neutra cabia. Mas depois de uns meses, a “cor do esmalte” trouxe à tona outras coisas… fui pintar as unhas de vermelho pela primeira vez na vida. Fiquei chocada com aquelas “garras”, o impulso era de pegar algodão e acetona, mas resolvi que era importante quebrar minhas “couraças” e permitir que eu soubesse quem eu era de verdade. Foi a melhor coisa que fiz por mim. TENTAR.
Dali em diante as coisas só evoluíram. Outras “cores” vieram porque eu me permiti conhecer o novo, experimentar… e descobrir a minha “nova cor”… e quer saber, escolhi o Coral. De discreta não tem nada, nas minhas mãos para lá de brancas parece ser até uma cor fluorescente. Eu tinha “me encontrado” dentro de mim mesma.
A partir dessa escolha, (hoje percebo) que aquela decisão significava parar de me camuflar, baixar a guarda e me permitir viver em plenitude. E isso foi passar por altos e baixos, olhando a vida nos olhos, ora chorando, ora gargalhando ( bem mais)… e assim a vida morna ficou para trás.
Passei de novo por fases “sem esmalte” nas unhas… mas por mais difícil que estivesse não voltei ao “Areia”. Assumo minhas dores, celebro minhas conquistas… e dispenso “aquele bilhete premiado”.
E hoje, depois de muito tempo, pintei as unhas (pés e mãos) de coral.
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* ouvindo Best of You – Foo Fighters